8 de outubro de 2010

Vídeo Homoerótico: Pink Narcissus (1971)

Lançamento em DVD: Pink Narcissus (1971)

Pink Narcissus é um filme cult e homoerótico altamente estilizado, de 1971, dirigido por James Bidgood (cujo nome não aparece nos créditos). O filme mostra as fantasias (homos)sexuais de um jovem garoto de programa quando ele fica sozinho em seu apartamento, antes de descer para as ruas em busca de clientes.

Entre tais fantasias, o rapaz se imagina como um toureiro todo paramentado num banheirão, enfrentando um motoqueiro leather (como o touro). Outra sequência marcante é aquela em que o jovem se vê como um escravo torturado por um imperador romano, numa autêntica orgia gay. Diversas formas fálicas aparecem nos cenários, assim como há closes de pênis ejaculando ou sendo acariciados por todo o filme. O conteúdo masturbatório de toda a produção é inegável.

O visual de Pink Narcissus é de um kitsch esplêndido: abusando de cenários fakes, acessórios fetichistas, brilhos e cores afetadas, explora ao máximo a sensualidade do corpo masculino nu. O filme reproduz o imaginário gay com uma força poética raríssimas vezes vista mesmo no recente fenômeno do queer cinema.

Pink Narcissus foi quase inteiramente rodado num único local: o apartamento novaiorquino de seu até então secreto diretor. A montagem das cenas é bem fragmentada, ao estilo dos filmes de Andy Warhol (corriam boatos no universo gay de NY, de que Warhol era um dos misteriosos realizadores de Pink Narcissus). Quem desvendou o véu de mistério que encobria o filme foi o escritor Bruce Benderson, que era verdadeiramente obcecado por Pink Narcissus, e nos anos 90 realizou uma verdadeira odisséia em busca dos seus realizadores, até localizar James Bidgood, que ainda morava em Mahhattan onde trabalhava como roteirista.

Em 1999, Benderson escreveu um livro publicado pela editora Taschen reunindo e comentando a obra de Bidgood como fotógrafo e cineasta underground.

O famoso estilo gay kitsch de Pink Narcissus influenciou decisavamente o trabalho de outros artistas como a dupla de fotógrafos Pierre & Gilles, que tratam dos mesmos temas homoeróticos e fantasiosos com um tratamento glamuroso e refinado.

Pena que a cópia recentemente lançada em DVD no Brasil não tenha qualidade e nitidez melhores, mas ainda assim o filme vale a pena por sua ousadia estética e temática incomuns.





29 de julho de 2010

Tudo Azul


Sexy Blogs: Eric Portenho

Aproveito o gancho de recentes programas de TV, como o Globo Repórter, que se dedicaram a temas como o da prostituição masculina nos grandes centros urbanos e mando uma dica: o Eric Portenho (foto) é um garoto de programa de São Paulo que escreve um blog pra lá de interessante, em tom de desabafo, no qual descreve as situações que vive ao fazer programas.

Eric escreve bem, gosta muito de pensar e de partilhar seus pensamentos com os leitores (crescentes) e cada post seu abre com a citação de algum autor. Ele demonstra jogo de cintura ao lidar com situações um tanto extravagantes quando tenta satisfazer as fantasias de seus clientes, e não tem papas na língua ao narrar as práticas sexuais da sua profissão.

Ele tanto fala de si, sem pudores, que suas angústias e conflitos me parecem transparentes. Já tem muita gente comparando seu blog ao da Bruna Surfistinha. O rapaz também martela constantemente contra certos temas, como religião, por exemplo, em que ele tasca a lenha com frequência, contrapondo-a ao Iluminismo. Certas confissões são tão íntimas que faz o blog lembrar bastante um divã psicanalítico.

Eric Portenho chama a minha atenção não apenas pelas venturas e desventuras sexuais de seu cotidiano de garoto de programa, que atraem os leitores, mas também por revelar-se uma personagem, uma criação de seu autor, e isso fica cada vez mais claro na medida em que ele desnuda o seu cotidiano e o seu imaginário.

Curioso? Então acessa o blog do Eric.

Tchibum!


8 de abril de 2010

Filmagens: Dawn of Gods (2011), de Tarsem

Dawn of Gods (ou Crepúsculo dos Deuses) é o título do próximo filme do diretor indiano Tarsem Singh, o responsável pelos lindos e cultuados A Cela (The Cell, 2000) e Dublê de Anjo (The Fall, 2007).
Tarsem sempre se destacou como um talentoso criador de imagens inesquecíveis e oníricas - que migrou da linguagem publicitária e dos videoclipes para o universo do cinema (foi ele que dirigiu o premiadíssimo clipe do R.E.M., "Losing My Religion"). Seus dois primeiros filmes chamaram a atenção da crítica especializada, merecendo elogios rasgados do eminente Roger Ebert.

Quem já assistiu a qualquer um dos dois não os esquece - são filmes que enchem os olhos e proporcionam um incomparável prazer estético, envoltos num clima geral de fábula, entre o sonho e o encantamento. Quem nunca os viu, não deve perdê-los.

O único fato lamentável - e sintomático da decadência da mentalidade dos que exibem filmes em nosso país - é que o magnífico Dublê de Anjo, com produção de Spike Jonze (Quero Ser John Malkovitch) e David Fincher (Clube da Luta) foi equivocadamente esnobado e nem chegou às salas de cinema brasileiras, sendo lançado diretamente em DVD. O mesmo escandaloso erro que ocorreu com o mais recente vencedor do Oscar, "Guerra ao Terror", de Katherine Bigelow, lançado a princípio em DVD e que só entrou - tardiamente - em cartaz por aqui porque acabou figurando entre os candidatos mais cotados à estatueta. Um vexame e uma imbecilidade que só confirmam o fim de qualquer inteligência ou bom senso no curto-circuito dos distribuidores, levando-se em conta a quantidade de bombas que entram regularmente em cartaz.

Alguns stills do imperdível Dublê de Anjo:


Tarsem, claramente, é um perfeccionista obcecado pelo belo.

As filmagens de Dawn of Gods estão a pleno vapor e o filme tem previsão de lançamento para 2011, segundo o site Movie Database, e abordará o universo mítico da grécia antiga - que pelo visto em Fúria de Titãs (2010), anda em alta em Hollywood.Os atores até então escalados para Dawn of Gods são um espetáculo à parte e só confirmam o extraordinário dom para a afirmação da beleza que é o cinema de Tarsem. Olhem só para esta escalação de deuses clássicos:

Corey Sevier (Teseu)

Steve Byers (Apolo)

Stephen Dorff (Stavros)


Kellan Lutz (Netuno)

29 de janeiro de 2010

Anjos








Livro: A Filosofia de Andy Warhol

Um lançamento realmente imperdível de tão divertido é o livro A Filosofia de Andy Warhol: de A a B e de volta a A.
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Com um formato de lata de sopa Campbell's o livro é uma compilação de pensamentos do papa da Pop Art, entremeados por transcrições de conversas telefônicas anotadas por sua fiel colaboradora Pat Hackett, destilando comentários deliciosamente maliciosos.
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No livro, Warhol aborda seus temas favoritos, como dinheiro, trabalho e doces. Já a fama e aquelas estranhas pessoas que idolatram famosos são tratadas com estocadas e ironias mais do que certeiras - atualíssimas.
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Vale lembrar que ainda nos anos 60, Warhol viu, bem ali na Factory, seu estúdio de criações artísticas de NY transformar-se numa meca de peregrinação e de encontros entre "talentos" considerados, no mínimo, imponderáveis pelo mainstream, os chamados "superstars". Foi ali que surgiram o Velvet Underground, Candy Darling, Joe D'Alessandro, Paul Morrissey, Basquiat, que se transformariam futuramente em ícones do rock, do cinema e da pintura contemporânea. Foi também o local que atraiu Valeria Solanas, a feminista radical que deu três tiros no artista plástico.
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Warhol também notabilizou-se como o criador da revista Interview, que ajudou a forjar o atual mundo pop das celebridades instântaneas, num futuro em que todos desfrutariam seus "quinze minutos" de fama. Hoje em que muitos são famosos sem possuírem qualquer talento especial, mas por simplesmente aparecerem na televisão, a filosofia irônica de Warhol - que repete várias vezes que seu sonho era apresentar o próprio programa de TV - soa como uma verdade profética.

21 de janeiro de 2010

P&B



Livros: a volta das obras de André Gide

Após permanecerem por mais de uma década sem relançamento (fato lamentado meses atrás por este mesmo blog), obras como as do escritor francês André Gide, autor de Os Moedeiros Falsos e Os Porões do Vaticano finalmente merecem uma digna reaparição nas livrarias.
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Mas melhor notícia ainda é a publicação simultânea de dois livros inéditos do autor no Brasil, dentre eles O Pombo Torcaz e Os Diários dos Moedeiros Falsos. Todos estão sendo lançados pela editora Estação Liberdade, que promete lançar Corydon, O Imoralista, Thèrese, e várias outras obras nunca publicadas entre nós, como os famosos e preciosos Diários.

Uma notícia dessas merece todos os vivas possíveis e imagináveis!