6 de maio de 2009

Filme: X-Men Origins: Wolverine (2009)

Nas cenas finais de X Men Origins, Logan (Hugh Jackman) é um sujeito desmemoriado. Ele acaba de perder a lembrança de tudo o que ocorreu no filme. É "um cara de sorte", como disse, maldosamente o crítico Roger Ebert a respeito desse blockbuster.

O filme de fato deixa a desejar. É um produto que lembra uma pizza com dois sabores: uma metade boa, a outra intragável. Há aparições de outros mutantes famosos, para agradar os fãs da tribo HQ. Quem não se inclui entre estes fica um tanto perplexo. Para piorar tudo, Logan-Wolverine não é o tipo de super-herói inteligente ou espirituoso. É do tipo que grunhe e faz caretas. Para compensar esse seu falar monocórdico a mão pesada de Richard Donner usa e abusa de ação, mortes, perseguições, explosões e efeitos especiais acelerados. Mas o tiro sai pela culatra.

Logan tem mais de 150 anos. Não aparentes. Ele segue o irmão depravado guerra após guerra, com uma invejável jovialidade hollywoodiana. O filme explica como ele adquiriu seu esqueleto de metal indestrutível e sobreviveu ao processo doloroso. Sua capacidade de regeneração cura-o de qualquer ferimento ou doença. Portanto, o personagem é incapaz de sofrer como um ser humano comum. A não ser que se fale em sofrimento pelos outros. Os riscos sobram para os pobres mortais que convivem com um sujeito desses.

Levando em conta tudo isso, não é fácil entender porque um robô indestrutível com garras assassinas como Wolverine é considerado o herói mais popular do mundo. A boa pinta de Jackman talvez ajude. E sobretudo seu carisma. O homem dificilmente deixa a peteca cair como entertainner (vide a última entrega do Oscar).

O primeiro filme dos X-Men foi um divisor de águas nas adaptações de super-heróis para o cinema. Na esteira de seu sucesso vieram bons filmes recentes: os Batmans, Homens de Ferro e Homens-Aranha. O filão parece estar longe do esgotamento. Mas as sutilezas de roteiro e direção, pelo que se torna visível neste filme, e no recente Watchmen, parecem estar sendo deixadas de lado. Os filmes de superseres continuam a ser super em matéria de bilheterias, mas estão cada vez mais mirrados nas idéias.

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