18 de maio de 2009

Lançamento em DVD: Saló (1975), de Pier Paolo Pasolini

Descrever Saló como uma parábola atroz, violenta e escatológica, que critica tanto a estrutura do poder quanto a sociedade de consumo contemporânea não dá uma medida exata do filme. É preciso ver para crer, e o lançamento deste filme escandaloso em DVD no Brasil ajuda a preencher aquela estante meio vazia: a dos filmes realmente polêmicos, que conta com um punhado de filmes extremos, como os memoráveis A Comilança ou então O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e O Amante (ambos disponíveis em DVD no Brasil).
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Este filme é Pasolini em seu momento mais cruel e desesperançado. Ele foi feito pelo cineasta para renegar a sua Trilogia da Vida depois que a indústria cultural, a publicidade e o mercado pornográfico dos anos 70 apropriaram-se do erotismo, transformando o sexo e os corpos nus em mercadorias como outras quaisquer.
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Só um grande cineasta como Pasolini para contar uma história tão terrível, em que um grupo de fascistas (e um cardeal) reúnem-se num castelo da república de Saló para dar início a uma sequência impiedosa de orgias, humilhações, torturas e execuções de jovens de ambos os sexos.

O filme é uma tour de force. Eu o vi quase 20 anos atrás. No início da projeção, o cinema estava lotado. À medida que o filme seguia seu curso, o público ia debandando. Só me lembro, ao final, de ver uns poucos gatos pingados na saída (além de meu irmão e um amigo, alguns raros cinéfilos de estômago forte).
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Saló, Ou Os 120 Dias de Sodoma, o filme de Pasolini inspirado no romance homônimo do Marquês de Sade, é uma das experiências cinematográficas mais radicais, perturbadoras e inesquecíveis que já tive!

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